quarta-feira, 23 de julho de 2008

O coração no vidro.

Coloquei meu coração num vidro.
Observei que nele tem um resíduo.
Por mais que silencie os zunidos,
bem lá no fundo,
fundo dele,
tem o resíduo.
Interessante.
Coloquei o vidro na estante.
Quem sabe, ele mude de interesse se cercado de livros.
Mesmo com a transparência,
absorvendo nomes de opulência,
o resíduo teima por sua sobrevivência,
abrindo mão de toda ciência.
Tentei colocá-lo no armário,
quem sabe as roupas poderiam sugerir outro fardo,
mesmo assim,
sem resultado.
O resíduo é tudo o que não sou, o que não sei,
que não me encaixo,
é toda notícia espaçada do passado,
o resíduo é você,
a única forma de te ter ao meu lado.

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